terça-feira, 29 de maio de 2012
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Sobre a dinamizadora do curso...
Dinamizadora: Maria Imaculada Cardoso Sampaio
Maria Imaculada Cardoso Sampaio é doutoranda do Programa de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP), mestre em Ciência da Informação, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, e especialista em Sistemas Automatizados de Informação, pela PUC-Campinas e SIBi/USP. É chefe-técnica da Biblioteca Dante Moreira Leite, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, desde 1998, onde atua como bibliotecária desde 1990. Coordenadora-técnica da BVS-Psi ULAPSI Brasil e BVS-Psi ULAPSI, representa os bibliotecários junto à União Latino-americana de Entidades de Psicologia. Coordenou o Programa de Avaliação da Qualidade dos Produtos e Serviços do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP, de 2002 a 2009. É docente do curso de especialização Gerenciamento de Sistemas e Serviços de Informação, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp), desde 2004. Sua produção técnico-científica inclui a autoria e capítulos de livros, artigos em revistas nacionais e internacionais e trabalhos em diversos eventos nas áreas de Biblioteconomia e Psicologia.
Maria Imaculada Cardoso Sampaio é doutoranda do Programa de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP), mestre em Ciência da Informação, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, e especialista em Sistemas Automatizados de Informação, pela PUC-Campinas e SIBi/USP. É chefe-técnica da Biblioteca Dante Moreira Leite, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, desde 1998, onde atua como bibliotecária desde 1990. Coordenadora-técnica da BVS-Psi ULAPSI Brasil e BVS-Psi ULAPSI, representa os bibliotecários junto à União Latino-americana de Entidades de Psicologia. Coordenou o Programa de Avaliação da Qualidade dos Produtos e Serviços do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP, de 2002 a 2009. É docente do curso de especialização Gerenciamento de Sistemas e Serviços de Informação, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp), desde 2004. Sua produção técnico-científica inclui a autoria e capítulos de livros, artigos em revistas nacionais e internacionais e trabalhos em diversos eventos nas áreas de Biblioteconomia e Psicologia.
terça-feira, 22 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Gente de fibra – José Carrilho Viudes
Há aqui em Mirandópolis, um cidadão meio poeta que vende sorvetes. É um homem simples e tranqüilo, que conhece todo mundo, e creio que a cidade toda o conhece também.
É o senhor José Carrilho Viudes, que já tem 77 anos, mas anda lépido como um jovem, e tem pernas fortes para caminhar todos os dias de sol a sol, vendendo sorvetes.
Seu José nasceu em Penápolis, onde os pais eram lavradores, como eram todos antigamente.
Quando José tinha 4 anos de idade, a família veio de mudança para Mirandópolis. Aqui, seu pai Afonso Carrilho passou a trabalhar de carroceiro, transportando mercadorias e até pessoas, porque naquela época, não havia carros e caminhões na cidade, táxis menos ainda.
A tarefa de José e dos irmãos era cuidar de dois animais, que ficavam na manjedoura, dando-lhes comida e água. Durante uns oito anos, seu pai foi carroceiro.
Seu José se lembra que seu pai ia sempre lá perto do trevo, ao lado da lagoinha buscar carvão, que era produzido por uma grande carvoaria, e que abastecia toda a região. (Naturalmente não existia a atual via de acesso, nem asfalto e nem o trevo com a rotatória) O carvão vinha ensacado em fardos grandes, e era entregue na Casa Moreira e outros armazéns, que o revendiam para a população.
Daí uns tempos, seu Afonso passou a ser charreteiro. Nessa época, havia na cidade cerca de cinco charretes servindo a população. Havia bastante serviço para os charreteiros, que transportavam apenas um passageiro por viagem. Seu pai costumava ter clientes fixos. E transportou muitas professoras para as escolas das Alianças.
Há uma passagem interessante dessa época. O rapaz José gostava muito de pescar. De vez em quando, ele e seus pais saiam para pescar. Como não cabiam mais que duas pessoas na charrete, José ia caminhando atrás do veículo, que levava seu pai e sua mãe. Feliz, porque ia pescar. Só mais tarde, surgiram charretes de boléias maiores, que comportavam mais passageiros.
José estudou até a 6ª série, e começou a trabalhar forçado pela situação econômica da família, que se compunha de seus pais e mais seis filhos.
Foi trabalhar na Tipografia Santo Antônio de Idanir Antônio Momesso. Tinha apenas 13 anos de idade, e começou como aprendiz de Antônio Carrilho, seu irmão que já trabalhava lá. Quando esse irmão se firmou na Gráfica Gonçalves no Brás, José também se transferiu para São Paulo, e começou realmente o serviço de tipógrafo, montando chapas para as impressões.
Um dia, conheceu o Gerente da Editora Saraiva, numa barbearia e foi convidado para trabalhar lá.
A Gráfica Saraiva ficava na rua Juli, também no Brás. Lá, ele aprendeu a paginar livros. A Saraiva tinha muito trabalho de impressão. José se lembra que ajudou na impressão do Código Penal Brasileiro. Nessa época, o serviço era feito por linotipo, montando letras e textos em placas. Muitos livros publicados pela Saraiva daquela época passaram por suas mãos.
Na Saraiva, conheceu o famoso escritor Jorge Amado e o vidente espiritualista Chico Xavier. Lembra que ambos eram pessoas simples e gentis.
Após doze anos na Saraiva, transferiu-se para outra Gráfica, também no Brás. Era a Editora Abril, que produzia as revistas Capricho e Cinderela. Lá, aprendeu a lidar com fotolitos.
Em 1967, José se casou com a senhorinha Aparecida dos Santos, e se mudaram para Mauá e depois para São Caetano, no ABC paulista.
Em São Caetano, passou a trabalhar na Gráfica Líder, que produzia impressos para os serviços do comércio, como notas fiscais, recibos, faturas. Lá, trabalhou por cinco anos.
Quando faltavam seis meses para se aposentar, voltou para Mirandópolis e para a Tipografia de seu Idanir, onde ficou por cinco anos, mesmo depois do falecimento do patrão. Trabalhou também sob as ordens do herdeiro Chicão. Lá, ele montava carimbos, mas saiu para ceder o lugar para um amigo, que precisava do emprego. Então, o amigo Joaquim Alves o chamou para trabalhar na Gráfica Alves. Lá, ele ajudou a produzir o “Jornal de Mirandópolis”, que circulou por um bom tempo. O amigo Joaquim faleceu também, e seu filho Paulo assumiu a Gráfica e a comanda até hoje.
Quando considerava encerrada sua carreira de gráfico, de repente foi chamado para atuar na Gráfica Lélio em Andradina, onde ficou por sete meses. E aí encerrou a carreira de vez.
Mas, para ocupar o tempo ocioso, passou a ser cobrador de uma firma comercial da cidade, efetuando cobranças de Andradina a Lavínia. Nessa função ficou por quatro anos. Depois começou a vender sorvetes.
Há sete anos aproximadamente, ele percorre a cidade, oferecendo sorvetes à população. Diz que é feliz, porque está sempre ativo, conhece a cidade toda e tem saúde. Além disso, gosta muito de ler, escrever e declamar poemas. E gosta de conversar.
Tem dois filhos, que são trabalhadores e atenciosos com os pais. Tem três netos, todos estudando. A tristeza que carrega na alma é a perda do genro Montanheira, que faleceu recentemente, tão jovem ainda. Mesmo assim, ele faz questão de dizer e repetir que foi abençoado por Deus, pela maravilhosa esposa que possui e pelos bons filhos e netos.
Sua alma de poeta fá-lo repetir: “Os que amam vivem. Os demais são mortos que caminham”- citação de autor desconhecido.
José Carrilho Viudes, que foi gráfico, tipógrafo, é poeta, é vendedor de sorvetes, e que não consegue parar de trabalhar é gente de fibra!
Mirandópolis, novembro de 2011.
kimie oku in “cronicasdekimie.blogspot.com”
É o senhor José Carrilho Viudes, que já tem 77 anos, mas anda lépido como um jovem, e tem pernas fortes para caminhar todos os dias de sol a sol, vendendo sorvetes.
Seu José nasceu em Penápolis, onde os pais eram lavradores, como eram todos antigamente.
Quando José tinha 4 anos de idade, a família veio de mudança para Mirandópolis. Aqui, seu pai Afonso Carrilho passou a trabalhar de carroceiro, transportando mercadorias e até pessoas, porque naquela época, não havia carros e caminhões na cidade, táxis menos ainda.
A tarefa de José e dos irmãos era cuidar de dois animais, que ficavam na manjedoura, dando-lhes comida e água. Durante uns oito anos, seu pai foi carroceiro.
Seu José se lembra que seu pai ia sempre lá perto do trevo, ao lado da lagoinha buscar carvão, que era produzido por uma grande carvoaria, e que abastecia toda a região. (Naturalmente não existia a atual via de acesso, nem asfalto e nem o trevo com a rotatória) O carvão vinha ensacado em fardos grandes, e era entregue na Casa Moreira e outros armazéns, que o revendiam para a população.
Daí uns tempos, seu Afonso passou a ser charreteiro. Nessa época, havia na cidade cerca de cinco charretes servindo a população. Havia bastante serviço para os charreteiros, que transportavam apenas um passageiro por viagem. Seu pai costumava ter clientes fixos. E transportou muitas professoras para as escolas das Alianças.
Há uma passagem interessante dessa época. O rapaz José gostava muito de pescar. De vez em quando, ele e seus pais saiam para pescar. Como não cabiam mais que duas pessoas na charrete, José ia caminhando atrás do veículo, que levava seu pai e sua mãe. Feliz, porque ia pescar. Só mais tarde, surgiram charretes de boléias maiores, que comportavam mais passageiros.
José estudou até a 6ª série, e começou a trabalhar forçado pela situação econômica da família, que se compunha de seus pais e mais seis filhos.
Foi trabalhar na Tipografia Santo Antônio de Idanir Antônio Momesso. Tinha apenas 13 anos de idade, e começou como aprendiz de Antônio Carrilho, seu irmão que já trabalhava lá. Quando esse irmão se firmou na Gráfica Gonçalves no Brás, José também se transferiu para São Paulo, e começou realmente o serviço de tipógrafo, montando chapas para as impressões.
Um dia, conheceu o Gerente da Editora Saraiva, numa barbearia e foi convidado para trabalhar lá.
A Gráfica Saraiva ficava na rua Juli, também no Brás. Lá, ele aprendeu a paginar livros. A Saraiva tinha muito trabalho de impressão. José se lembra que ajudou na impressão do Código Penal Brasileiro. Nessa época, o serviço era feito por linotipo, montando letras e textos em placas. Muitos livros publicados pela Saraiva daquela época passaram por suas mãos.
Na Saraiva, conheceu o famoso escritor Jorge Amado e o vidente espiritualista Chico Xavier. Lembra que ambos eram pessoas simples e gentis.
Após doze anos na Saraiva, transferiu-se para outra Gráfica, também no Brás. Era a Editora Abril, que produzia as revistas Capricho e Cinderela. Lá, aprendeu a lidar com fotolitos.
Em 1967, José se casou com a senhorinha Aparecida dos Santos, e se mudaram para Mauá e depois para São Caetano, no ABC paulista.
Em São Caetano, passou a trabalhar na Gráfica Líder, que produzia impressos para os serviços do comércio, como notas fiscais, recibos, faturas. Lá, trabalhou por cinco anos.
Quando faltavam seis meses para se aposentar, voltou para Mirandópolis e para a Tipografia de seu Idanir, onde ficou por cinco anos, mesmo depois do falecimento do patrão. Trabalhou também sob as ordens do herdeiro Chicão. Lá, ele montava carimbos, mas saiu para ceder o lugar para um amigo, que precisava do emprego. Então, o amigo Joaquim Alves o chamou para trabalhar na Gráfica Alves. Lá, ele ajudou a produzir o “Jornal de Mirandópolis”, que circulou por um bom tempo. O amigo Joaquim faleceu também, e seu filho Paulo assumiu a Gráfica e a comanda até hoje.
Quando considerava encerrada sua carreira de gráfico, de repente foi chamado para atuar na Gráfica Lélio em Andradina, onde ficou por sete meses. E aí encerrou a carreira de vez.
Mas, para ocupar o tempo ocioso, passou a ser cobrador de uma firma comercial da cidade, efetuando cobranças de Andradina a Lavínia. Nessa função ficou por quatro anos. Depois começou a vender sorvetes.
Há sete anos aproximadamente, ele percorre a cidade, oferecendo sorvetes à população. Diz que é feliz, porque está sempre ativo, conhece a cidade toda e tem saúde. Além disso, gosta muito de ler, escrever e declamar poemas. E gosta de conversar.
Tem dois filhos, que são trabalhadores e atenciosos com os pais. Tem três netos, todos estudando. A tristeza que carrega na alma é a perda do genro Montanheira, que faleceu recentemente, tão jovem ainda. Mesmo assim, ele faz questão de dizer e repetir que foi abençoado por Deus, pela maravilhosa esposa que possui e pelos bons filhos e netos.
Sua alma de poeta fá-lo repetir: “Os que amam vivem. Os demais são mortos que caminham”- citação de autor desconhecido.
José Carrilho Viudes, que foi gráfico, tipógrafo, é poeta, é vendedor de sorvetes, e que não consegue parar de trabalhar é gente de fibra!
Mirandópolis, novembro de 2011.
kimie oku in “cronicasdekimie.blogspot.com”
História preservada
Há alguns dias atrás, minha amiga Kimie Oku mostrou-me o blog “Foto-história de Mirandópolis”.
Era um antigo desejo seu, de resgatar a história do município, através de fotos antigas. Hoje tem seu sonho realizado, com o apoio do amigo Osvaldo Resler, que abraçou a causa.
Que emoção ver as antigas ruas de terra batida, trafegadas por carroças, charretes e alguns poucos carros. Enfim, uma cidade bucólica do interior. Quantas lembranças!
Em minha memória afetiva, ficou registrado um fato, que nem sei se aconteceu realmente. Eu, pequenina, segurando fortemente a mão do meu pai, tentava atravessar a rua principal de Mirandópolis. Devia ser janeiro, a grande quantidade de barro era cortada por sulcos profundos, feitos por carroças.
Fomos a um restaurante, onde para mim é hoje as Casas Pernambucanas, e lá comi um arroz doce gelado. Na época, não tínhamos geladeira e achei o doce mais delicioso do mundo.
Teria sido verdade? Como disse Guimarães Rosa: “Contar é muito dificultoso, não pelos anos que já se passaram, mas pela astúcia que têm certas coisas passadas”.
Voltando às fotos, verdadeiro documento histórico é o retrato do primeiro carteiro da cidade, transportando a correspondência, em uma carriola de madeira. Essa foto de José Gabriel merece estar pendurada num lugar de honra no Correio da cidade.
Amigos de Mirandópolis, prestem-lhe essa merecida homenagem.
Entre as fotos que desfilaram diante dos meus olhos saudosos, revi casas de madeira hoje derrubadas, máquinas fechadas, lojas transformadas.
Reconheci a saudosa Casa Santa Glória da família de meus amigos de juventude, Calil e José Abdalla. Lembro-me que, no final da década de 70 ou início de 80, o visionário Calil quis transformar a loja da família, em um Supermercado, que já era moda nas grandes cidades.
Mas, aqui não deu certo, pois as pessoas estavam acostumadas a ser servidas pelo proprietário ou funcionários de confiança. Batiam um demorado papo com eles, e pediam para anotar a compra na caderneta. Era difícil libertar-se do velho costume; tentar encontrar sozinho o que necessitavam nas prateleiras, e depois pagar a conta num Caixa impessoal. Calil me pediu que escrevesse uma propaganda, falando sobre as vantagens do sistema de supermercados.Mas, para mim também era novidade, e não consegui escrever nada...
Para terminar esta pequena divagação, teço loas a todas as pessoas, que preservam coisas como fotos antigas, documentos, reportagens, objetos( como as delicadas porcelanas, enaltecidas em crônica por minha amiga Kimie).
Muitas vezes, essas pessoas não são entendidas. São chamadas de maníacas, juntadoras de cacarecos, apegadas ao passado. Mas, o que seria da História sem elas? Como seria difícil reconstruir o passado!
Parafraseando o grande poeta Fernando Pessoa, direi que
“Os guardadores de coisas chamadas inúteis, são mais sábias do que se julgam, guardam pequenos sonhos”.
Que, às vezes vêm à tona vendo uma foto antiga!
Mirandópolis 19 de abril de 2012.
Maria Nívea Pinto – Pesquisadora e Professora de História
Era um antigo desejo seu, de resgatar a história do município, através de fotos antigas. Hoje tem seu sonho realizado, com o apoio do amigo Osvaldo Resler, que abraçou a causa.
Que emoção ver as antigas ruas de terra batida, trafegadas por carroças, charretes e alguns poucos carros. Enfim, uma cidade bucólica do interior. Quantas lembranças!
Em minha memória afetiva, ficou registrado um fato, que nem sei se aconteceu realmente. Eu, pequenina, segurando fortemente a mão do meu pai, tentava atravessar a rua principal de Mirandópolis. Devia ser janeiro, a grande quantidade de barro era cortada por sulcos profundos, feitos por carroças.
Fomos a um restaurante, onde para mim é hoje as Casas Pernambucanas, e lá comi um arroz doce gelado. Na época, não tínhamos geladeira e achei o doce mais delicioso do mundo.
Teria sido verdade? Como disse Guimarães Rosa: “Contar é muito dificultoso, não pelos anos que já se passaram, mas pela astúcia que têm certas coisas passadas”.
Voltando às fotos, verdadeiro documento histórico é o retrato do primeiro carteiro da cidade, transportando a correspondência, em uma carriola de madeira. Essa foto de José Gabriel merece estar pendurada num lugar de honra no Correio da cidade.
Amigos de Mirandópolis, prestem-lhe essa merecida homenagem.
Entre as fotos que desfilaram diante dos meus olhos saudosos, revi casas de madeira hoje derrubadas, máquinas fechadas, lojas transformadas.
Reconheci a saudosa Casa Santa Glória da família de meus amigos de juventude, Calil e José Abdalla. Lembro-me que, no final da década de 70 ou início de 80, o visionário Calil quis transformar a loja da família, em um Supermercado, que já era moda nas grandes cidades.
Mas, aqui não deu certo, pois as pessoas estavam acostumadas a ser servidas pelo proprietário ou funcionários de confiança. Batiam um demorado papo com eles, e pediam para anotar a compra na caderneta. Era difícil libertar-se do velho costume; tentar encontrar sozinho o que necessitavam nas prateleiras, e depois pagar a conta num Caixa impessoal. Calil me pediu que escrevesse uma propaganda, falando sobre as vantagens do sistema de supermercados.Mas, para mim também era novidade, e não consegui escrever nada...
Para terminar esta pequena divagação, teço loas a todas as pessoas, que preservam coisas como fotos antigas, documentos, reportagens, objetos( como as delicadas porcelanas, enaltecidas em crônica por minha amiga Kimie).
Muitas vezes, essas pessoas não são entendidas. São chamadas de maníacas, juntadoras de cacarecos, apegadas ao passado. Mas, o que seria da História sem elas? Como seria difícil reconstruir o passado!
Parafraseando o grande poeta Fernando Pessoa, direi que
“Os guardadores de coisas chamadas inúteis, são mais sábias do que se julgam, guardam pequenos sonhos”.
Que, às vezes vêm à tona vendo uma foto antiga!
Mirandópolis 19 de abril de 2012.
Maria Nívea Pinto – Pesquisadora e Professora de História
quarta-feira, 2 de maio de 2012
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